Caco da Motta entrevista Valentina Pomba, corretora de imóveis em Florianópolis
Você lê em texto da entrevista aqui no Blog, ou no Canal do Caco da Motta no Youtube, no Spotify e nas principais plataformas de Podcast.
O destino dela está no nome e na origem. Valentina Pomba carrega a valentia na identidade e o espírito para viajar dos argentinos. A família foi passar férias em Santa Catarina e lá se vão 20 anos desde que todos decidiram morar em Florianópolis. Antes, era veranista, de férias. Hoje, ela é uma renomada corretora de imóveis autônoma, em Jurerê Internacional. Começou com aluguel de temporada, se especializou e está sempre de plantão, seja on-line, por telefone ou no whatsapp. "Nós temos folga, mas temos que atender sempre. Já fechei negócio meia-noite, 1h da manhã", destaca.
Valentina é a entrevistada do segundo episódio da segunda temporada do meu podcast, o CacoCast. Em 2021, apresento profissionais e empreendedores do mundo todo com suas experiências de vida e principalmente de como estão encarando os reflexos da pandemia no seu dia a dia e em seus negócios. Ela tem ótimas dicas para quem estiver interessado num imóvel em Jurerê, mas acima de tudo é exemplo e compartilha uma lição em dias difíceis. "Você tem que amar o que faz, porque o que você faz não é trabalho, é paixão. Se você tem essa força, essa energia, você conquista muito mais as coisas. Agora, de braços cruzados, chorando, ninguém vai conseguir nada", enfatiza.
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Entrevista:
Caco da Motta, de Porto Alegre - O que você tem feito neste período difícil?
Valentina Pomba, de Florianópolis - Trabalho bastante. Com família, tenho feito contato mais on-line. Parte da minha família mora na Argentina, e tenho irmãos na europa e argentina. Meus pais vivem comigo, nos conectamos com todos.
Caco - Dá para fazer um comparativo da situação da pandemia de vários lugares, então? O Brasil vive a pior situação?
Valentina - Me parece que aumentam mais do que é. Vivo mais na rua por ser corretora e atender clientes. A gente sabe de gente que adoeceu e poucos que acabam morrendo. Pelo menos, ao meu redor. Na Estônia, onde vive meu irmão, está tudo fechado, é o segundo país com piores casos. Na Argentina, estava tudo fechado e agora está tudo liberado. Mas o turismo reduziu em 70% as viagens aéreas e as fronteiras estão fechadas na Argentina. Somente nós, que somos residentes, podemos ir para o nosso país com exame PCR e quarentena.
Caco - O Turismo de Santa Catarina foi muito prejudicado?
Valentina - Foi bem prejudicado. No ranking internacional do turismo, o argentino é o número 1, depois vem os americanos. Os argentinos escolhem muito o Brasil pelas águas quentes, outro tipo de paisagem, porque lá vão mais para o Sul a Patagônia ou então Buenos Aires, por exemplo. É um outro tipo de turismo. Florianópolis, Balneário Camboriú, Canasvieiras e Jurerê foram muito prejudicadas, dá para contar nos dedos quem veio. A maioria veio via aérea que é mais cara. E os argentinos preferem vir de carro, passar mais dias, as férias mesmo. E para eles é mais barato vir para águas mais quentes, clima menos frio como aqui em Florianópolis.
Caco - Jurerê Internacional está em Florianópolis que é uma capital com um padrão altíssimo de qualidade?
Valentina - Jurerê Internacional, diferente do sul da Ilha e de outras regiões, é completamente diferente, limpa, sem gente pedindo dinheiro, toda calçada, não há buracos nas ruas. Urbanisticamente, é melhor. Mas tem turismo para todas as faixas etárias e de bolsos. Por isso, Floripa é chamada de ilha da magia.
Caco - Conta um pouco da tua história, onde começou?
Valentina - Meus pais vieram, em 1985, de lua-de-mel para Balneário Camboriú. Mas depois fomos com eles e meus dois irmãos para a praia dos Ingleses no hotel à beira-mar que tem até hoje ali, se chama As Marias. Era muito bom porque a gente pisava na areia. Nós iríamos morar na Itália pela cidadania italiana, mas meus pais foram para lá e acharam longe, frio e preferiram vir para cá. Hoje tenho um irmão brasilero também. Só não temos a cidadania brasileira porque teria que abrir mão ou da Italiana ou argentina. Só não tenho direito ao voto nem a cargo público, mas não fazem falta para mim.
Caco - Tem muitos clientes de outros países em Jurerê Internacional?
Valentina - Em fevereiro, vem muitos israelenses que são jovens e saem do serviço militar. Eles alugam casas com piscina para fazer festa. Eles se comunicam em hebraico e às vezes entendo melhor algumas palavras do hebraico porque o inglês deles é difícil. Têm europeus, gente do Canadá e atendi sul-africanos para uma competição de Jiu-Jitsu. E tem o pessoal do Ironman que é sempre realizado no último domingo de maio de cada ano. Mas há dois anos não tem sido possível. A prova foi transferida para novembro, mas não acredito que teremos de novo. Vinham argentinos, da América Latina e muitos atletas. São 2 mil pessoas envolvidas.
Caco - Como tu te comunicas com as pessoas hoje em dia, quais são os teus canais?
Valentina - Uso tudo que estiver ao meu alcance. Tem gente que não gosta do whatsapp e prefere o email. Eu me adapto. Tem outros que preferem redes sociais, aí tem Facebook, Instagram, Linkedin. Mas 90% é pelo whatsapp. Os sites já tem anúncios de imóveis com o link para o meu whatsapp. Como não gosto que demorem para responder, sou rápida para responder porque a concorrência é forte.
Caco - E tem que ser o tempo todo, full-time?
Valentina - Às vezes, os melhores negócios surgem aos finais de semana e depois do horário de trabalho das pessoas, à noite. Nós temos folga, mas temos que atender sempre. Já fechei negócio meia-noite, 1h da manhã.
Caco - A tecnologia também ajuda com fechaduras digitais, por exemplo?
Valentina - Facilita bastante, principalmente no verão, porque as pessoas chegam muito tarde e a tecnologia ajuda.
Caco - Qual a formação e habilitação para atuar na área? Tu estás sempre se aprimorando?
Valentina - Em 2007, me formei em Hotelaria e Turismo, onde hoje pertence a Estácio de Sá. Comecei há 7 anos como corretora de temporada. Precisei tirar o meu Creci, que é a habilitação exigida com anuidade paga. Sempre digo para as pessoas exigirem a carteirinha, porque acaba acontecendo muita fraude. Até o ano passado, a carteira era física e agora tem um aplicativo para mostrar a tua identidade. É importante pesquisar quem é o corretor e ver os comentários sobre ele no Airbnb e em vários sites que permitem comentários. Se procurarem meu nome, vão ver comentários positivos. Porque não tem como saber a situação do imovel que não seja pelo uso do cliente. E, quando ele reclama, de algo estragado, quebrado, alguma dificuldade, temos que atender e resolver logo.
Caco - Quais são os protocolos exigidos e praticados para quem aluga um imóvel em Jurerê?
Valentina - Muita gente quer cumprimentar, mas o toque é zero. Distância, máscara obrigatória, sempre. Vi muitas pessoas de fora nas ruas sem máscara no verão por aqui. Agora, tem multa para quem não usar máscara. Eu exijo que a responsável pela limpeza do imóvel, limpe tudo onde há o toque das pessoas com álcool, além de uma limpeza geral.
Caco - Existem pessoas vindo morar em Jurerê? E menos querendo alugar, passar temporada?
Valentina - Muita gente de São Paulo e de outras regiões começaram a alugar para trabalhar aqui em home-office por um período. Até foi melhor porque deu menos aglomeração e ficou mais espaçada a ocupação. Mas isso aqui é um paraíso e nunca vai deixar de ter pessoas querendo vir para cá.
Caco - O mercado de compra e venda se aqueceu também?
Valentina - Até o ano passado, vendeu muita coisa aqui. Tem muitos prédios novos construídos nos últimos dois anos. A procura é constante principalmente para a compra. Muitas pessoas querendo morar aqui. Os imóveis se valorizaram. E ainda vale a pena. Você compra num valor e quando escritura ele pode valorizar muito. Tem barbadas com imóveis de ótimos preços e ainda podem ser alugados na temporada para ter um retorno.
Caco - Além de investir para morar, pode alugar para cobrir os custos?
Valentina - Sim. Tem proprietários que moram e alugam por três meses. Muita gente aluga por aplicativo sozinho, mas muitos ainda preferem não se incomodar porque tem uma série de coisas para cuidar. Se quebrar uma mesa, uma cadeira, tem que levar para o orçamento. Mas comprar aqui é um bom negócio.
Caco - É uma vida corrida?
Valentina - Sim, eu sou autônoma então tenho parceiros de negócio, mas faço tudo sozinha e estou me preparando para ter a minha família, poder ter filhos também. Se eu paro, minha empresa para. Eu fiz um curso para administração de documentos para venda. E foi ótimo porque começaram a aparecer clientes para compra. Mas tenho um advogado e um contador para poder atender da melhor maneira.
Caco - Qual é o teu recado para quem anda desanimado com toda esta situação ou que recentemente teve um negócio fechado, perdeu o emprego?
Valentina - Primeiramente, dentro de casa você não vai fazer nada. Então, primeiro, você tem que amar o que faz, porque o que você faz não é trabalho, é paixão. Se você tem essa força, essa energia, você conquista muito mais as coisas. Olhando no olho da pessoa, transmitindo essa vontade de querer fazer. Isso é o que você consegue, hoje, para se destacar no mercado, ultrapassar todos os limites. Agora, de braços cruzados, chorando, ninguém vai conseguir nada. Alguém pode te fechar uma porta uma vez, mas outras vão se abrir. Tem que procurar, procurar até achar este furinho que está lá. É a luz no final do túnel. Mas se você não ama, cai fora porque você está perdendo a tua energia, o seu tempo e dos demais. Aí acontece o caos.
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