O Athletic de Bilbao foi bem melhor que o Atlético de Madrid na 10ª rodada do campeonato espanhol. Comentei os dois jogos dos Atléticos neste final de semana pela ESPN e Disney+ com narração da Milla Garcia e Mauricio Bonato.
No sábado, o time comandado por Ernesto Valverde atropelou em casa no San Mamés, o Espanyol com uma atuação espetacular de Alex Berenguer. O atacante jogou pelo meio, como um camisa 10, e acabou dando duas assistências para dois gols de Iñaki Williams e ainda marcando um belo gol na vitória de goleada por 4 a 1 sobre o Espanyol. Poderia ter sido 5 ou 6.
Sem poder contar com Sancet, que tem maior característica de meia, a aposta na velocidade de Berenguer, acelerou o time que atacava com 4 jogadores, tendo Iñaki Williams na direita e o irmão na esquerda, e Guruzeta à frente de Berenguer. O centroavante não viu a cor da bola, mas puxou a marcação para quem viesse de trás inclusive os laterais De Marcos e Yuri fossem pontas num 4-2-3-1.
Foi uma vitória sem sofrimento. Cheguei a afirmar logo após o intervalo que o jogo estava ganho, só não saberíamos qual seria o placar a favor do Athletic. O primeiro gol do zagueiro Dani Vivian saiu a com 6 minutos de jogo.
Javi Puado, o principal atacante, não estava à disposição do técnico Manolo Gonzalez, do Espanyol. Ele apostou no jovem argentino Alejo Véliz que, isolado, sumiu do jogo, num sistema espelhado 4-2-3-1 que chegou a ser 4-4-2 com a subida do melhor jogador do time na partida, o tcheco Alex Kral que melhorou no segundo tempo se somando a Pere Milla. Tanto que consegue chega ao seu gol de falta, quando Álvaro Tejero assumiu a cobrança e fez um golaço. Nada, porém, capaz de apagar a grande atuação coletiva do Athletic.
O coletivo é justamente o que justifica a dificuldade do Atlético de Madrid de virar o jogo por 3 a 1 contra o fraco Leganés em Madrid. No primeiro tempo, com um time mais alternativo, Diego Simeone apostou em Ángel Correa e Alexander Sorloth no ataque, deixando Julian Alvarez no banco, muito pelo retorno de uma data FIFA sempre desgastante e em meio a idas e vindas da Liga dos Campeões.
Cresce o futebol individual e predomina a qualidade de Griezmann centralizado atrás dos dois atacantes, mas sem guardar posição. Caiu mais o pelo lado esquerdo onde Rodrigo Riquelme e Javi Galán avançavam bastante. Mas a bola não chegava para o centroavante contra um time do técnico Borja Gimenez bem organizado com duas linhas de 4 e com Dani Raba centralizado no meio e ataque e isolado na frente Miguel de Lá Fuente.
Semelhante ao Bilbao, o time de Madrid tentou circular a bola para atrair a marcação só que não achava os espaços num 4-3-1-2. Lento, com menos aparições no lado direito com Molina apagado e Pablo Barrios. O melhor jogo coletivo foi do Leganés que teve uma sequência de 6 passes até a assistência de Dani para o melhor do jogo marcar um golaço. Foi um chutaço de Yvan Neyou, sem chances para Oblak.
O Atlético volta do intervalo com Samuel Lino no lugar de Molina. Riquelme que foi bem na esquerda foi para o lado direito para que o brasileiro atacasse pela esquerda. Mas o time só melhora quando o coletivo encaixa com mais três mexidas fundamentais de Simeone com um sotaque argentino. Rodrigo de Paul, qualificou o passe, no lugar de Koke, Julian Álvarez atraiu mais ainda a marcação na vaga de Correa, e Giuliano Simeone foi intenso e efetivo após a saída de Riquelme. Griezmann ficou mais solto e a bola começou a aparecer mais para o centroavante. Se Sorloth não fosse tão lento, uma espécie de Halland de pneu furado, poderia ter marcado uns 4 gols. Mesmo assim, fez dois, inclusive um de letra.
De Paul brigou pela bola, Giuliano, o filho do técnico, aciona o zagueiro Witsel dentro da área de ataque que, após duas tentativas, cruza para Sorloth empatar. Ele ainda faz o último gol numa sobra de bola. Griezmann fez o gol da virada e se tornou o melhor em campo. Chegou e ser expulso em entrada forte, mas o VAR ajudou o árbitro a perceber que ele havia escorregado. A derrota para o Leganés seria sim um escorregão gigantesco que Simeone, que chegou a gesticular e apontar para o gramado dizendo algo como “aqui não vão ganhar”.
Um Atlético que ganhou mais na raça que na qualidade coletiva, que sobrou para o Bilbao. Se os desempenhos se repetirem neste nível é possível que lá no final o time de Valverde possa ultrapassar a equipe de Simeone, mesmo que já tenha perdido em casa por 1 a 0 e o jogo de Madrid está marcado para março de 2025 e ainda começa um período de Eliminatórias Europeias para a Copa que vai quebrar o ritmo dos jogos. Mas também cabe lembrar que na Copa do Rey o time de Madrid perdeu os dois jogos semifinais para a equipe do País Basco e que acabou levantando a taça.
Ainda é cedo, mas o cenário encaminha mais uma temporada da disputa pelo título entre Barcelona e Real Madrid e teremos “El Clássico ”na próxima rodada. O Atlético de Madrid está longe de repetir os dois títulos de La Liga na era Simeone. Nada que tire uma briga boa pelas vagas européias, onde a surpresa negativa é o Girona que hoje figura na segunda página da classificação e que indica o Athletic como um forte candidato a uma vaga para Champions.
Comments