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Grêmio: à espera de um milagre


Dênis Abrahão recebeu convite para seguir no futebol, mas só decide após o fim do Brasileiro.

Milagres acontecem. Geralmente, são precedidos de grandes perdas revertidas por algo sobrenatural, mágico e místico. No caso do Grêmio, a queda para a segunda divisão, pela terceira vez, é sem dúvida uma tragédia. Só que não será estabelecida por um acidente, algo ao acaso como se espera agora evitar, por uma imortalidade, na última rodada. Assim como o time afundou por incompetência na administração do futebol, se não cair é porque o trabalho feito nos últimos meses teve seus méritos e houve maior incompetência dos adversários.

O objetivo desta quinta-feira noite é muito claro. Vencer o Atlético-MG em casa, esperar por derrotas do Bahia para o Fortaleza fora de casa e do Juventude em casa para o Corinthians. Nenhum resultado é improvável, mas a probabilidade da combinação dos mesmos favorecer o Grêmio é mínima. Ela diminui à medida que o time não terá Geromel e Kannemann na zaga.

Thiago Santos vai para o jogo. Douglas Costa, enfim, adiou o casamento e estará à disposição. A provável escalação tem: Gabriel Grando; Rafinha, Ruan, Rodrigues e Diogo Barbosa (Cortez); Thiago Santos, Lucas Silva, Douglas Costa (Jhonata Robert), Campaz e Ferreira; Diego Souza. O Galo vem forte mesmo sem muitos titulares. Se o Grêmio jogar, como no primeiro tempo contra o Corinthians ou como fez diante do São Paulo, estará bem próximo da vitória. Não pode ser o Grêmio da Bahia, do segundo tempo encolhido no último jogo em Itaquera ou de tantos jogos ruins que o deixaram morando no Z4 até os minutos finais do Brasileiro.

O maior apoio pode ser o pior pesadelo. Certamente, a torcida vai empurrar o time como sempre fez. Nestas horas, a união faz a força. Mas, qualquer deslize, ou um placar adverso longe da Arena, pode trazer um clima desfavorável. Nada disso é fantasia. Tudo faz parte do cenário que o Grêmio desenhou com contratações equivocadas, troca de comando técnico sem critério, falta de conhecimento de futebol com dinheiro no caixa.

Assim como disse bem a esposa de Douglas Costa, ninguém marca um casamento do dia para a noite. Mas pode desmarcar a qualquer momento. É preciso ter planejamento, estabelecer prioridades e ter coragem de fazer as mudanças necessárias antes que seja tarde demais. O futebol também é assim. A mesma direção que permitiu que DC fosse liberado para um casamento frustrado na Costa Rica, também deixou ele remarcar para agora, talvez pensando como ele que o final do ano ia ser de festa, com o Grêmio no mínimo classificado para a Libertadores. O vice de futebol, porém, interveio.

Seja na A ou na B em 2022, o Grêmio precisa saber onde errou e porque errou mudar todo seu planejamento sem Liberadores, sem Sul-Americana e, sem um milagre, na segunda divisão novamente, com Gauchão e Copa do Brasil. Quem fica, quem sai, quem vem, quem segue na direção, na comissão técnica? Não adianta rezar, é preciso planejar.

Se o Grêmio escapar (tem boas chances por ser tudo ao mesmo tempo e no último dia), o plano estabelecido pelo vice de futebol, Dênis Abrahão, terá sido um sucesso. Do contrário, não poderá ser culpado, mesmo que seja apontado com um dos responsáveis. "Perdem todos e ganham todos", disse bem. Abraão é um nome bíblico. O dirigente do Grêmio não hesitou jamais em sacrifício do Grêmio. Mas não pode fazer milagre. E até porque são muitos culpados. Alguns todos sabem. Uns nem estão mais. Outros? Só quem habita o vestiário e os gabinetes da direção saberá apontar.

O certo é que Dênis recebeu um convite da direção para seguir e seria melhor pra o Grêmio se ele seguisse independente dos resultados, assim como seu fiel parceiro, Sérgio Vasques. Os dois só vão decidir após o final do Brasileiro. O importante é planejar melhor o futebol. É como casamento: na saúde e na doença e até que a morte os separe. Mas, quando o plano não funciona, é melhor mudar logo e separar aqueles que não servem mais antes de morrer em campo. Milagres acontecem. Mas como escreveu Ferran Soriano: "A bola não entra por acaso". Ou Muricy Ramalho: "A bola pune". Amém.

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