Para o jornalista esportivo e um apaixonado por futebol como eu, um dos períodos menos agitados do ano é quando chega o Natal, o Ano Novo e as férias entre uma temporada e outra. Não há jogos, não tem notícia, as informações giram em torno de especulações de contratação. Um Porre. Estamos vivendo com a pandemia do Coronavírus um momento semelhante, mas completamente diferente pelas circunstâncias.
Entendo que há uma regra geral hoje para a humanidade acima da política, da economia, dos nossos desejos pessoais e até mesmo das nossas necessidades profissionais. É a regra da ciência. Mesmo que ela possa errar, é melhor focar nela. É uma questão de sobrevivência. Em vez de cada um pensar em si, chegou a hora de jogar junto. Até porque não somos os "Pelés" da saúde. No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite e a equipe de Governo estabeleceram a regra do jogo. Usando uma expressão do futebol, passamos pela pré-temporada da Pandemia do novo Coronavírus. Os números foram contabilizados e seguirão sendo somados a cada dia. Foi feita uma pesquisa pela UFPEL em conjunto com outras universidades. Um sistema com 20 regiões - definidas pelos centros de referência de saúde do estado - , 12 setores da economia e quase uma centena de atividades será pintado a cada semana com as cores das bandeiras amarela, laranja, vermelha e preta. E nós na torcida para agitar pelo menos a bandeira amarela.
O sistema de distanciamento controlado é a regra, é a tabela do campeonato mais importante de nossas vidas, que dependerá em resumo de um jogo com dois times bem definidos: Avanço do Covid-19 x Ocupação de leitos de UTIs disponíveis. Este é o jogo, este é o placar. Que bom que a dupla Gre-Nal conseguiu fazer testes em seus jogadores e profissionais e já começa a treinar. Tomara que o início do futebol, mesmo sem torcida na Coréia do Sul, na Alemanha consiga trazer experiências para que logo por aqui se consiga voltar o mais breve possível. Mas o futebol daqui pode esperar. São milhões em direitos de TV, milhões em folha de pagamento para jogadores, e milhares de profissionais de diversas áreas que dependem do futebol. Mas existe uma hierarquia das atividades estabelecida pela sua essencialidade. Todas estão previstas no Decreto Estadual de Calamidade Pública do estado do RS publicado no início da pandemia em março, mas atualizado no último dia 1º de abril. Nesta data, foram ampliadas para até 41 atividades públicas e privadas essenciais. Está ali no parágrafo 17 do Decreto nº 55.154 .
Ainda não há referência ao futebol no decreto. Pode ser que lá na frente a regra mude, pois depende do ritmo da pandemia. Importante também ressaltar o papel do presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Luciano Hocsmann, que se reuniu com o Governador Eduardo Leite para tentar terminar o Gauchão, interrompido em março. Ele se comprometeu de pagar os testes para os clubes do interior. Ouviu exatamente o que está na regra do jogo do estado contra o vírus. Leite citou inclusive que cada região terá um protocolo específico e um campeonato regional pode ficar inviável por estas diferenças, pelo menos por enquanto.
Um outro aspecto precisa ser levado em conta. Um jogo de futebol envolve várias atividades. Se cada uma tem um protocolo específico, vai exigir um treinamento, um preparo e até simulações que exigem tempo. O mais importante é que todos precisam perceber que é hora unir as forças num único time contra o vírus. Ninguém é goleiro, mas pode usar luva. Não joga na defesa, mas pode usar máscara para se defender. Não dribla como Neymar, mas pode se manter afastado das pessoas. Não é milionário como Cristiano Ronaldo, mas se puder ajuda o próximo com o que tem. O vírus está na marca do pênalti. O futebol espera até que os gols da vitória da saúde sejam marcados.
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