O Internacional do returno do Campeonato Brasileiro terá a cara do técnico Diego Aguirre. Na primeira metade da competição, ele pegou o bonde andando com aspectos negativos e positivos dos antecessores Eduardo Coudet, Abel Braga e Miguel Angel Ramirez. Agora, teve tempo de trabalho, observação, inclusive para errar como na decepcionante eliminação da Libertadores para o Olimpia no Beira-Rio. Ao mesmo tempo, encontrou uma maneira de jogar cujo ápice foi a goleada de 4 a 0 sobre o Flamengo no Maracanã.
O Inter de Aguirre tem a defesa praticamente fechada. Daniel no lugar de Lomba, Saravia na lateral-direita, Bruno Mendez e Moisés; Dourado e Lindoso; Edenilson, Taison e Patrick; Yuri Alberto. Este sistema pode ter três volantes e dois meias, pode ser 4-2-3-1; 4-4-2 e até 4-3-3. Defensivamente consegue ficar alinhado em 4-5-1. É um time mais reativo que explora muito a forte marcação e os contra-ataques para municiar Yuri Alberto, mas também pode surpreender com as chegadas de Taison e Edenílson.
Aguirre trabalha para ter novas opções porque contra alguns times, este sistema acaba sendo ineficiente. Foi o caso do Atlético-GO que sai menos para o jogo e praticamente tem um modelo semelhante de sair em contra-ataques. Hoje, a maior dificuldade do Inter é quando tem a bola. Não consegue criar opções, abrir espaços e ter uma transição rápida da defesa para o ataque. Boa parte deste problema é não ter um articulador nato como D`alessandro era e sofre pela ineficiência ofensiva da faixa esquerda de ataque. Moisés não consegue ter regularidade e Patrick ainda não está com o ritmo de jogo que precisa.
A primeira alternativa nem é tática, mas técnica. A simples entrada de Paulo Victor no lugar de Moisés melhora bastante a criatividade ofensiva pelo lado mais carente. Na largada contra o Sport, em Recife, Dourado e Palácios estão suspensos e Taison ainda se recupera de lesão. O mais provável é que Jonnhy substitua Dourado e Maurício jogue no lugar de Taison. Eu falo mais sobre o jogo no meu canal do Youtube veja o vídeo.
O técnico uruguaio, no entanto, começa a treinar variações. A primeira é semelhante ao Inter de Abel Braga num sistema 4-4-2 que mantém o quarteto defensivo, mas tem Dourado e Edenilson numa primeira linha com Taison e Patrick mais adiantados, fechando o meio. No ataque, Caio Vidal e Yuri Alberto. Neste mesmo desenho, o recém contratado Gustavo Maia também pode aparecer aberto pela direita e ainda Paolo Guerrero assume o centro do ataque e Yuri Alberto joga mais aberto.
Outra alternativa é fazer um sufoco ao adversário com linhas altas a exemplo do que fazia Eduardo Coudet. Nesta opção, utilizada muitas vezes no segundo tempo, a velocidade será prioridade, num 4-1-4-1. Teria apenas Dourado à frente da zaga, com uma linha adiantada que tem Maurício, Boschilia, Taison e Gustavo Maia com Yuri Alberto na frente. Os laterais também sobem sendo Edenílson pela direita e Paulo Victor à esquerda.
Esta mesma escalação também pode ser alinhada num 3-5-2, com Bruno Mendez, Dourado e Cuesta; Edenilson, Maurício, Taison, Boschilia e Paulo Victor; Gustavo Maia e Yuri Alberto. Assim, jogadores como Mercado e o próprio zagueiro Kaique Rocha, Palácios e os jovens Juan Manuel Cuesta e Vinicius Mello podem figurar nestas diversas opções de jogo do Internacional. Não basta testar, Aguirre precisa ser ousado para manter o que está dando certo e mudar quando não funcionar ou de acordo com as peças que tiver à disposição. O Inter te potencial para garantir uma vaga na Libertadores de 2022 e, quem sabe, finalmente levantar uma taça no ano que vem.
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