Não poderia ser pior. Pelo resultado, pelo desempenho e, principalmente, pelas mudanças no time. A sétima estréia de Abel Braga no Inter com a derrota por 1 a 0 para o América-MG no Beira-Rio deixou o Inter mais distante da vaga para semifinal da Copa do Brasil. É cedo para criticar o técnico? Não. Também não significa que o trabalho vai dar errado. Os jogadores sentiram a saída do ex-técnico Eduardo Coudet? Sim, embora não haja como tirar a responsabilidade do Abelão pelo revés no seu pior debut. Nunca havia perdido nas estreias anteriores e ele mesmo admitiu a culpa pelo placar adverso.
Primeiro ponto: a promessa de Abel de manter o esquema e o time de Coudet durou 26 minutos. O time não estava bem até sofrer o gol de Rodolfo, aos 12. Bem marcado, saia lento em noite pouco inspirada de quem não se pode exigir muita inspiração: Uendel e Lindoso. Cabe o mérito do técnico Lisca que há tempo demostra ser um ótimo leitor de jogo e traduziu bem a alma castelhana de Coudet, onde falta equilíbrio como um tango descompassado. Brilha, reluz e apaga. Brilha, reluz e apaga. Mesmo assim, digno de aplausos pelo desempenho na ponta da tabela do Brasileirão e vivo na Copa do Brasil e na Libertadores.
Era 26 minutos de jogo, quando Abel tentou melhorar o time com uma mudança incomum nos tempos de Coudet. A entrada de Peglow no lugar de Patrick, machucado. O primeiro reflexo da alteração foi um total descompasso quando Thiago Galhardo passou a jogar do meio para frente e assim mudou o ataque. Edenilson se retraiu e a saída de bola, que já era ruim, piorou. Podia ter colocado Nonato, D`alessandro ou Praxedes. Mas nem no banco estava.
Veio o segundo tempo e o Inter correu o risco de sofrer mais gols. Abel tirou da antiga cartilha o seu sistema de jogo ousado, sem treinar. Tirou Peglow e colocou D'alessandro, sem maiores consequências táticas, apesar da apatia do ex-capitão. Outro erro: sacou Heitor, o único sinal de esperança de profundidade pelo lado direito para colocar Nonato e encaixar Marcos Guilherme na lateral direita. Bastava manter o sistema do time e trocar as peças. Poderia sim trocar Uendel por Moisés. Mais do mesmo, mas era uma mudança de energia no setor. Teria ainda como colocar Yuri Alberto no lugar de Abel Hernandes. Mas ele entrou no lugar de Lindoso. Gosto desta ousadia, mas nunca sem treinar.
As mudanças deixaram o Inter bagunçado em campo, totalmente perdido. Lisca tentou um segundo gol no contra-ataque com as entradas de Vitão, Toscano, Calyson e Neto Berola. Seria mortal. O Inter, no entanto, sucumbiu. Quando a imagem da TV mostrou Abel com uma prancheta de imãs nas mãos, fiquei com a nítida impressão de que havia um emaranhado de dúvidas. Menos mal que o Lisca também olhou a sua com expressão semelhante. No entanto, apareceu em primeiro plano no vídeo um pé de arruda que teria sido convocado por Abel. Teria. Bom, não importa. É melhor não mexer no vaso. Afinal, ainda há tempo de perceber aonde o velho-novo técnico não deveria ter mexido tão cedo.
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