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Os 7 pecados do Inter a caminho de um novo rebaixamento

O Inter marcha aos poucos para um novo rebaixamento. Fotos: Ricardo Duarte/SC Internacional

A eliminação do Inter na Copa do Brasil para o Vitória da Bahia, na noite desta quinta-feira, com derrota por 3 a 1 no Beira-Rio, é a sequência de uma sucessão de erros que vem desde 2020. Os mesmos erros podem levar o Inter a um novo rebaixamento para a Série B. Seria desastroso, ser vice-campeão numa temporada e cair na outra. O Inter já está lá na zona da degola. É cedo. Ainda segue na Libertadores sem muita perspectiva. Mas o cenário hoje é parecido com o roteiro de um filme recente na história do clube.


1 - Eleição no Meio da Temporada. Tudo começou quando, no meio da pandemia, a temporada de 2020 terminaria em 2021. Houve uma eleição conturbada em dezembro. O ex-vice de futebol do presidente Marcelo Medeiros , Alessandro Barcellos, venceu a eleição e o candidato da situação sequer se classificou via conselho para tentar se eleger com os votos dos sócios. Na administração anterior, o Inter havia sido no vice-campeão da Copa do Brasil e perdido o técnico Eduardo Coudet que era líder do Brasileiro e estava vivo na Copa do Brasil e na Libertadores. Como não havia vencido nenhum Gre-Nal, a direção perdeu forças na eleição. Poderia mudar, mas não era a hora. O certo e falei na época era prorrogar o mandato até o final de todas as competições de 2020. Abel Braga foi contratado e começou a trabalhar sabendo que não seria o técnico da futura direção, caso Barcellos assumisse ou outro de oposição.

No período de dois jogo decisivos contra América Mineiro na Copa do Brasil e Boca Juniors na Libertadores, o time reagiu tarde e caiu. A nova direção fez um acordo até o final da temporada 2020 com Abel, mas contratou Miguel Angel Ramirez para a temporada 2021. O time foi vice-campeão brasileiro com Abel e ele teve que sair, pois já havia um novo técnico a caminho. Se a eleição fosse prorrogada, o ambiente poderia ser menos conturbado e ninguém ia contratar um técnico antes de assumir. 2 - O Grupo de jogadores não tem perfil de campeão - O Inter trocou Guto Ferreira, Antonio Carlos, Odair Helmann, Eduardo Coudet, Abel Braga e tudo indica que vai trocar agora o técnico Miguel Angel Ramirez. Mas na hora decisiva, o grupo de jogadores não consegue resistir à pressão. Perdeu a Série B para o América MG, Gauchão para o Novo Hamburgo, é sempre um pavor contra o Grêmio, excessão a um jogo do Brasileiro com Abel, perdeu a final da Copa do Brasil para o Atlético-PR, perdeu o Brasileiro por não fazer 1 gol em casa e agora é eliminado para o Vitória da Bahia em casa com derrota por 3 a 1, quando só precisava empatar. Às vezes, é preciso só classificar, não importa como se jogando mal ou com empate. Praxedes, campeão da Copa São Paulo, está sendo vendido para o Bragantino. O jogo contra o Flamengo quando Rodinei é expulso é a uma jogada ensaiada que se repetiu na partida contra o Vitória. Medo de ganhar.


3 - A escolha de um técnico inexperiente - O espanhol Miguel Angel Ramirez pode ser um estudioso e que deu certo no Independente de Valle. Mas ele não sabe adaptar os jogadores que tem para formar uma equipe competitiva. Insistiu no seu modelo de jogo, misturando peças para tentar encontrar o time. Não encontrou. Chegou perto quando encaixou o meio-campo com Dourado, Edenilson e Mauricio e três atacantes, mas ainda variando muito a escalação. Não conseguiu também que a bola saísse rápida do campo de defesa para o meio e ataque. As poucos, os adversários leram o time e ficou fácil deixar a bola para Cuesta e Moisés armarem as jogadas. Perdeu o meio-ida contra campo e começou a decair. Sem um armador, o time passou a piorar o desempenho de jogadores como Edenilson e Patrick. Trocar o goleiro no meio de uma temporada nunca é tarefa fácil e recomendada. O jogo de posição pode funcionar em qualquer esquema tático, mas é preciso ter leitura da partida, do desempenho para ajustar as peças. Ter mais de 20 escalações diferentes não é inovar, é bagunçar.


4 - O time não tem um capitão nem um líder - O Inter perdeu a força de suas lideranças dos tempos de vitoria que aos poucos foram embora. Ne todos eram capitães. Clemer, Iarley, Magrão, Fernandão, Índio, D`alessandro, Alex, Tinga, Bolívar. Tinham em comum a liderança, mas acima de tudo tinham confiança e passavam confiança. Taison chegou agora para substituir Rodrigo Dourado como capitão. Não sei se tem o perfil. Tem falado bem, mas só o tempo dirá. O ambiente é muito ruim, tanto que jogadores que saem do Inter, melhoram em outras equipes.


5 - Política de Futebol Equivocada - Quando o zagueiro Rodrigo Moledo se machucou, era necessário contratar urgente um substituto por mais que houvesse jovens no grupo para ocupar a vaga. A zaga é uma área delicada e onde o erro pode ser fatal e foi. O jovem Lucas Ribeiro ainda conseguiu fazer bons jogos, mas Zé Gabriel e Pedro Henrique foram e estão sendo um desastre. Nem tanto por culpa deles, mas pela direção de colocá-los numa situação de risco. Falta visão estratégia de elenco com sérias carências na defesa, nas laterais, na armação do meio-campo e de jogadores com o perfil vencedor que já falei.


6 - Preparação Física Ineficiente - O Inter dispensou Cristiano Nunes porque preferiu confiar no profissional indicado por Miguel Angel Ramirez. Preferiu apostar em Cristóbal Fuentes. Nunes estava ainda no período de Coudet mas exercia outra função até que Abel Braga o colocou como preparador físico do time. Foi o melhor momento do Inter nos últimos tempos chegando a ter nove vitórias consecutivas. Isso já havia acontecido anteriormente com o uruguaio Diego Aguirre. Será que ninguém da direção se ligou neste detalhe?


7 - Falta de Convicção - Este é um dos erros recorrentes do Inter nos últimos anos. Sem identificar todos os problemas recorrentes, fica mudando de direção, de comissão técnica e contratando jogadores com perfis completamente distintos. Agora mesmo, o correto seria tentar consertar tudo com Ramirez, porque senão vai abandonar mais um projeto. Mas as convicções têm limite pelo conjunto da incapacidade das administrações do Inter, principalmente no futebol. Existem metas mínimas. Cair do jeito que caiu agora para o Vitória na Copa do Brasil e tendo um início de brasileiro sofrível com a recente goleada para o Fortaleza por 5 a 1 não conseguem sustentar qualquer projeto. Mas não basta apenas trocar a comissão técnica. É preciso ter habilidade para escolher a nova comissão técnica e reavaliar o elenco e toda a direção do futebol.

Nesta hora, o Inter costuma vir com fórmulas mágicas como a SWATT antes da queda do Campeonato Brasileiro ou agora percebendo que falta um ex-jogador no vestiário. O time decidiu tomar as rédeas e assumir um jogo um pouco diferente em conversa com o técnico Ramirez, ausente pela Covid contra o Vitória. E o que deu?

Fracasso total. O time precisava do empate, havia feito um bom primeiro tempo. Mas na hora da verdade, sucumbiu. No futebol, não existe milagre. Mas é bom o torcedor colorado começar a rezar para que a sombra do rebaixamento não volte a bater na porta do Beira-Rio. Os últimos dias tem sido muito parecidos com 2016.



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