O Grêmio terminou ano com uma profunda decepção do torcedor após a confirmação do rebaixamento para a Série B. Vagner Mancini cometeu alguns erros e não teve sucesso no plano de evitar a queda, mas a responsabilidade maior não é dele. Ele termina a temporada com um aproveitamento para não cair e encontrou uma forma interessante de jogar, fazendo mudanças significativas. Portanto, sempre penso que é melhor evitar trocas de técnico por resultado ruim e não levar em conta o desempenho do time.
Um aspecto importante e fundamental é o espírito agregador de Mancini, que conseguiu a aprovação de um grupo de jogadores difícil, só dominado por Renato. Ele ainda ganha força porque trabalha em sintonia com o vice de futebol, Denis Abrahão que deve seguir no cargo. Os dois fizeram mudanças e até afastaram jogadores como Jean Pyerre e Paulo Miranda, coisa que ninguém havia tido coragem. A saída de Jean Pyerre que deve ser negociado, de Alisson do time e o aproveitamento de Diogo Barbosa, Ferreira, Thiago Santos, Lucas Silva e dos jovens Campaz e Jhonata Robert são alguns dos acertos de Mancini na reta final. Renato começou a desconstruir o time desde a saída de Luan que já não jogava bem, mas não encontrou um jeito de jogar sem um articulador como já tivera Douglas e o próprio Maicon somado a uma zaga sólida e atacantes de qualidade como Éverton Cebolinha. Trouxe jogadores insuficientes como Thiago Neves para o meio e Diego Tardelli para o ataque. Deixou uma bomba para Tiago Nunes que pegou um vestiário carente do Renato, um time desajustado e que começava a sofrer desgastes internos. É só lembrar a reação de Matheus Henrique a uma cobrança do técnico que logo acabou sendo demitido. Felipão identificou os problemas internos e preparou uma faxina no vestiário, mas o mesmo grupo não comprou a ideia de jogo do experiente técnico que também sofreu desgaste apesar de ter um aproveitamento razoável de pontos no brasileiro.
Mancini chegou e levou muito tempo para encontrar a formação ideal. Mas encontrou. Não a tempo de evitar o rebaixamento que parecia impossível há muito tempo. Afinal, o time esteve em todas rodadas no Z4, exceto a primeira quando perdeu para os reservas do Ceará e só ficou de fora por uma diferença de saldo de gols.
O Grêmio tem dois bons goleiros. A lateral direita tem Vanderson e Rafinha que me surpreendeu com a entrega que teve e agora fala em ficar. Talvez por perceber que o ambiente está melhor e querer subir o time se sentindo responsável. Cortez terminou seu ciclo e o Grêmio começa 2022 com Diogo Barbosa mas pode contratar alguém para posição. Capixaba volta do Bahia. Será aproveitado? A zaga precisa de reforços porque Rodrigues deve ser negociado, Ruan vai para a Itália, Kanemman volta de cirurgia em abril e Geromel precisa de um reserva para não sofrer tanto desgaste físico. Mas as contratações não devem mudar a estrutura tática da defesa com linha de 4 jogadores.
O meio de campo começa por Thiago Santos e Lucas Silva e à frente uma linha de três jogadores velozes e criativos: Jonatha Robert, Campaz e Ferreira. O atacante de referência para a Série B ideal é Diego Souza. Douglas Costa, depois do que fez com o episódio do casamento e abanando para torcida e mostrando camisa 10 no gol contra o Galo, não deveria ficar. Ainda mais porque é muito caro para o Gremio que tem agora um ano com uma queda de receita de até R$ 80 milhões. Mancini teria até o Gauchão como prazo para ajustar o time sem obrigação de ganhar o título. O mais importante é o desempenho da equipe. Cabe, mais um vez a direção, ter coragem e visão do que precisa mudar no Grêmio e ainda adaptar a montagem do time aos recursos mais escassos que terá em 2022. Não é a toa que o presidente Romildo Bolzan Junior disse que não se pode fazer terra arrasada, ou seja, mudar tudo e começar do zero. Nem daria tempo de fazer tamanha revolução e seria temerária num ano que promete ser desafiador para o presidente e para todos profissionais que estarão trabalhando no Gremio na próxima temporada.
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