Qual o tamanho da convicção do presidente do Internacional, Alessandro Barcellos? A permanência do técnico Mano Menezes no Beira-Rio, mesmo após 5 derrotas consecutivas, foi uma decisão sensata do dirigente porque mudar agora certamente só aumentaria a crise com um novo técnico que seria uma incógnita. Mas qual é o objetivo principal da continuidade além de sair da sequência de maus resultados e do desempenho limitado? É importante que, mesmo que não divulgue, o Inter saiba das suas limitações. O time não é candidato a ganhar os títulos que disputa e precisa ficar longe da coleção de vexames dos últimos anos. Além da estratégia jogo a jogo, é preciso primeiro se situar melhor no Campeonato Brasileiro, onde acontece nesta temporada uma calibragem de patamar do futebol brasileiro como há muito não se via. Antes, porém, tem o jogo da Libertadores contra o Metropolitanos.
Caíram o diretor executivo William Thomas e o Coordenador Técnico Sandro Orlandelli. Mano permanece. Este foi o saldo do Gre-Nal perdido por 3 a 1. Ficou bem claro que o técnico ganhou maior poder no ambiente do futebol onde se criou uma divisão. Afinal, o executivo havia contratado um coordenador que Mano não tinha o mesmo relacionamento que teve com Paulo Autuori e o executivo ainda trouxe o preparador físico Jean Carlo Lourenço criticado por Mano na coletiva após o clássico mesmo que não citado nominalmente. Agora, é tudo com Mano, os jogadores e o presidente. O jogo na Venezuela é importante para que o Inter volte a vencer.
O Inter tem plenas chances de vencer o Metropolitanos e se recuperar a tempo de se classificar na Libertadores. Mas não há garantia de nada só porque duas cabeças rolaram no departamento de futebol. E o mais importante é que o time esteja preparado física e mentalmente para o jogo contra o Bahia no Beira-Rio que acontece no próximo domingo após uma longa e desgastante viagem da Venezuela. Se o time já está mal fisicamente, tem problemas técnicos e o ambiente se encontra desanimado, o desafio de Mano Menezes é manter a motivação em alta e arrumar taticamente a equipe para não virar uma "esculhambação" maior que já está e cair ainda mais correndo risco de rebaixamento. E o jogo seguinte será contra o América-MG também em casa, onde precisa reverter uma vantagem de 2 a 0 para o time mineiro pela Copa do Brasil.
São problemas defensivos, chances perdidas na frente e um meio-campo frágil na marcação, além de lento na construção. Tudo está nas mãos do técnico que agora não tem mais tempo para justificar. É momento de afirmação, mesmo que o desempenho do time e a permanência do técnico sejam uma interrogação. A primeira resposta está no jogo contra o Metropolitanos. Neste recomeço, vale a pena insistir com Luiz Adriano e Alemão? Por que não joga o Lucca? Ou volta a jogar sem centroavante? Que tal 3 zagueiros com Wanderson e Pedro Henrique como alas? É hora de se fechar e fazer um jogo bem reativo de contra-ataque até contra equipes menores? Bola parada, ensaiada? São estratégias a serem definidas como um recomeço, que, a cada jogo, põe em xeque o trabalho e o cargo de Mano Menezes. Ou seja, a permanência tem prazo de validade que se renova a cada semana ou até a convicção do presidente mudar. Alessandro Barcellos, por sinal, fica até o final do ano. Este não sai tão cedo.