top of page

Márcio Menezes: um empreendedor otimista


Mário Menezes é empresário do ramo imobiliário e um empreendedor diversificado.

Márcio Menezes é um empreendedor nato. Aos 18 anos, estava frente a frente com o piloto Emerson Fittipaldi em São Paulo para buscar a autorização da franquia da Hugo Boss para uma loja de roupas masculinas que montou em Erechim. Antes, o primeiro negócio tinha sido de semijoias em Porto Alegre. Entre idas e vindas, da Capital gaúcha para o interior do Rio Grande do Sul, se formou em direito, mas acabou no mercado imobiliário à frente da Mais Imóveis.

Não é o típico profissional que costuma puxar o freio de mão. Bem pelo contrário. Está sempre acelerando novas ideias e parcerias. Filho de tabeliães, teve que superar a morte do pai que culminou com o fim do cartório da família. Foi morar nos Estados Unidos onde conheceu pessoalmente, em um seminário que mudou seu mindset, Robert Kiyosaki, do Pai Rico, Pai Pobre, George Foreman e Donald Trump. Esteve na Olimpíada do Rio, como árbitro de Tiro Esportivo, esporte que pratica e apoia.

O terceiro entrevistado da Série sobre o Novo Normal do Cacocast, é acima de tudo um otimista. "Se cada um de nós tentar fazer o melhor, com certeza, rapidamente nós vamos sair deste buraco", acredita.


Grave uma mensagem de áudio para o meu Podcast que posso reproduzir no próximo episódio.



Ouça o CacoCast no Spotify


Entrevista:

Caco da Motta (Porto Alegre) - Como é que tu estás lidando com esta nova fase difícil com os impactos da pandemia da Covida-19?


Márcio Menezes (Porto Alegre) - Como todo o brasileiro, estamos nos reinventando. Nós já temos este know-how porque, a cada 4 ou 5 anos, a gente tem uma estrutura modificada nos negócios seja politicamente ou economicamente. Eu tenho trabalhado muito em home office e tenho visto muitos clientes aumentando a carga de trabalho e aumentando a procura por investimentos e novos negócios. Eu vejo como um dos principais fatores a estabilidade da economia. O empreendedor brasileiro é um modelo para o mundo dá certo aqui e em qualquer lugar. O que não nos permitia nos reestruturar era a questão da condução econômica do país através da taxa de juros. O empreendedor quando ele inicia tem um sócio, não como aqueles do contrato social, mas teu sócio é o banco, o funcionário com passivo trabalhista e o governo com passivo de impostos. No ano passado, durante a pandemia, em 2020, só no Rio Grande do Sul foram abertas 196 mil empresas novas. Quer exemplo maior do que o empreendedorismo do povo gaúcho?


Caco - É a vontade de dar a volta por cima?


Márcio - Perfeito. Claro que teve empresário que acessou o Pronamp da Caixa que foi um dinheiro direto na veia do pequeno e do médio. Mas aí mesmo que está a criação porque o empresário não deixou a empresa quebrar. É óbvio que temos uma grande perda ainda, que tem muitos empresários que não conseguiram se reerguer. É preciso nos abraçarmos para o desenvolvimento do país, passando sobre esta questão muito filosófica e política que o país vive.


Caco - Eu tenho comentado que muita gente está vivendo uma espécie de atoleiro, caiu numa areia movediça e não consegue sair dela no meio desta pandemia. E se reinventar muitas vezes não é virar tudo do avesso, mas tentar encontrar uma maneira diferente de tocar o teu negócio.


Márcio - Perfeita a tua colocação. Eu acredito que estas novas tecnologias são ferramentas modernas. Eu recentemente palestrei para um grupo de empresários e alguém disse que iria fechar a loja. Eu disse, batalha até o último segundo pelo seguinte: nós somos seres que vivemos desta proximidade, ainda mais o gaúcho até pela cultura do chimarrão, do abraço. Um exemplo disso foi quando deram uma pequena brecha e os shoppings lotaram, as ruas lotaram. As pessoas querem isso. Então, estamos passando por uma dificuldade, temos que ter serenidade, as famílias e os empresários perderam, as famílias que perderam seus entes queridos mais ainda. Temos que prestar uma homenagem para estas pessoas.

Ninguém tem culpa nessa coisa, é uma doença. É diferente de um homicídio quando alguém vai lá e dá um tiro na pessoa. Eu lembro que perdi um colega com meningite e foi uma gritaria na escola porque naquela época era raro ter uma vacina. Todo mundo ficou assustado, fiquei uma semana em casa sem colégio, e depois fomos tomar vacina da meningite. É uma situação peculiar e violentíssima, mas o empresário tem que se adequar. Eu tenho amigos aqui em Porto Alegre da área de restaurantes que desenvolveram o próprio aplicativo. As empresas vão ter que se adaptar a esse novo momento. Mas eu tenho certeza que nós vamos voltar a um novo normal ou a algo quase normal. Tenho falado com pessoas na Europa e nos Estados Unidos. A Flórida, por exemplo, está tendo uma vida normal. Isso é uma coisa que temos que ter os pés no chão e a coragem de encarar daqui para frente.



Caco - Podes contar um pouco da tua trajetória profissional e das experiências que teve ao longo do tempo?

Márcio - Eu tive a oportunidade de ser filho de tabeliães. Meu pai é um cara simples de Canoas e que se dedicou a estudar quando jovem e foi aprovado no concurso para serviço notarial. Em 1974, quando nós fomos para o interior, para Erechim, eu tinha um ano e nove meses de idade e desde pequeno sempre tive oportunidade de ser privilegiado com a capacidade financeira dele. Eu sempre busquei ajudar as pessoas e empreender. Eu podia ter seguido a carreira, estudar para concurso notarial.

Mas, desde pequeno, eu tinha a veia de empreendedor. Com 16 anos, eu fui morar em Porto Alegre para estudar e montei uma distribuidora de semijoias, com aqueles mostruários de jóias com as vendedoras. Só que era um problema porque primeiro não estudava e depois era na base do bilhetinho que tinha o número de série, o código de cada correntinha, anel, etc. Fiquei um tempo nisso e o meu pai me disse: ou tu estudas ou voltas para o interior.

Decidi voltar para o interior para ter uma experiência empresarial na cidade. Voltei para Erechim e tranquei a faculdade de direito na Universidade Luterana e montei uma loja de roupa masculina. Na época, com 18 anos, eu queria vender as melhores marcas do país. Eu fui recebido pelo Emerson Fittipaldi em São Paulo, pois ele era o franqueado master da Hugo Boss do Brasil. Tive a oportunidade de apresentar para ele o que era Erechim e fazer um contato pessoal com ele.

Os caras ficaram espantados, pois eu tinha 18 anos. Falei que era o que eu gostava e queria fazer, ser empreendedor. Acabei não conseguindo a franquia do Hugo Boss porque havia um franqueado próximo em Passo Fundo, mas eles me indicaram outras marcas que vendi lá. Passado um período, me dei conta que se eu ficasse muito para trás eu não ia terminar a faculdade.


Caco - Decidiu então voltar a estudar?


Márcio - Sim. Arrendei a loja e acabei voltando para Porto Alegre para terminar o curso de direito. Passei um período pelo movimento estudantil, tive uma breve carreira de envolvimento político. Político e aí aqui em Porto Alegre novamente eu voltei a empreender. Tive uma empresa de marketing esportivo e uma casa noturna.


Caco - Loja de roupas, casa noturna, empresa de marketing esportivo. Acabou atuando num mercado diversificado?


Márcio - Exatamente. Mas eu sempre tive como base o mercado imobiliário como corretor, fiz o creci e esta é a minha empresa de formação do patrimônio, onde eu tenho meu pé fixo. Sempre ligado no mercado, em oportunidades de negócio com pessoas que são empreendedoras. Em 1999, perdi meu pai, Tivemos que nos reinventar porque o serviço notarial não era mais passado de pai para filho e por concurso público outra pessoa assumiu a serventia.


Caco - Foi quando decidiu morar fora do país?


Márcio - Eu decidi, em 2005, após outras experiências empresariais morar por seis meses nos Estados Unidos, em Nova York, Chicago e Miami. Em Chicago tive a oportunidade de participar de um seminário de 5 dias com personalidades que na época recém estavam explodindo chegando ao Brasil. Conheci o Robert Kiyosaki, do Pai Rico, Pai Pobre, que tive oportunidade de conversar pessoalmente e ter o livro autografado por ele e pela esposa dele.

Outro palestrante foi o Tony Robbins, que agora também está fazendo muito sucesso no Brasil. Também teve o George Foreman, que foi o papa do do marketing multinível e hoje existem várias empresas deste ramo. E última palestra de 2 horas e pouco com um senhor com cabelo amarelo e ao final da palestra tinha que pagar 25 dólares para tirar uma foto com o Donald Trump.


Caco - Mas a palestra do Trump foi boa?


Márcio - Como empresário ele é magnífico, né?


Caco - Ele se comunica bem, não?


Márcio - Não quero entrar na questão política dele. Mas a história dele de quem quebrou uma vez, quebrou duas e levantou. Isso é uma coisa que nós brasileiros temos que aprender. O americano não tem medo de quebrar. Aqui no Brasil, infelizmente, a gente crucifica aquele empresário que iniciou e quebrou. Ele quebrou e começou de novo e ninguém foi lá dar a mão. É um grande problema que eu vejo no nosso meio empresarial. Porque todo mundo um dia vai quebrar porque a gente depende de governo, de política econômica. E nós não temos aqui no Brasil a educação financeira que é fundamental que seja implementada desde o primeiro grau. O próprio Robert Kiyosaki tem um jogo que se chama corrida dos ratos. Um joguinho como banco imobiliário, como War que te ensina o que é um ativo e o que é um passivo.


Caco - Qual o palestrante que mais te impactou?


Márcio - O Robert Kiyosaki. do livro Pai Rico, Pai Pobre. A pessoa que não lê isso é como não ter lido a cartilha do bê-a-bá lá no teu primeiro grau. Eu dou de presente para amigos e às vezes busco num sebo porque não tem, de tanto que é vendido. É um livro que muda o teu mindset. Ele é um PNL (programação neurolinguística) através de uma historinha fantástica. Nós temos que abolir esta coisa de temos que ganhar dinheiro. Não. Tu vais ter que construir algo para fazer o dinheiro.


Caco - E como foi a volta para o Brasil?


Márcio - Quando eu voltei eu iniciei a mais Imóveis em 2006. Passei a mostrar para as pessoas como você faz patrimônio imobiliário sem dinheiro, é só acreditar. As pessoas não acreditavam e eu disse: faça um planejamento, veja como se faz. E aí existem várias técnicas que estão surgindo e dos Estados Unidos para o Brasil com a possibilidade de termos realmente um mercado imobiliário. O americano tem várias formas de investir no setor imobiliário. Aqui antes era só financiamento de dois bancos para ter a casa própria e agora existem outras possibilidades. Paralelo a isso, a gente tem alguns investimentos para empreender na área de startups. Vamos desenvolver um projeto inédito no Rio Grande do Sul para receber os "startapeiros". Também sou esportista, o meu esporte é o tiro esportivo aqui no país e fora do país em provas de tiro ao prato. Eu fui árbitro da prova de tiro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Também surgiu uma outra parte empreendedora, que foi a criação da Associação Nacional de Armas, que é voltada para o esporte do tiro.

As pessoas confundem isso com o armamentismo. A legislação do esporte é outra, o equipamento é controlado, restrito que cumpre uma série de tarefas. Estamos estruturando esta instituição para fazermos competições nacionais e internacionais. Até para conhecerem nossos atletas. Recentemente, o Felipe Wu ficou em quarto lugar no mundial na Índia e já garantiu a vaga para a Olimpíada. Muita gente não sabe, mas a primeira medalha olímpica do Brasil foi conquistada pelo Guilherme Paraense no tiro esportivo. E tivemos a honra de presenciar a primeira medalha do Brasil na Olimpíada do Rio, o Felipe Wu, ganhou a medalha de prata. Eu estava lá e pude abraçar ele e festejar com ele. Uma pessoa que teve uma história incrível com o esporte. Ele sofria bullying por ter lábio leporino e o pai dele levou o filho para competir com o tiro de chumbinho, a carabina de ar. Ele é um exemplo para o esporte do Brasil.


Caco - Tem dois pontos da tua fala que me chamaram a atenção. A volta por cima que os americanos permitem às pessoas, até mesmo os exemplos de atores, cantores, que afundaram em drogas e no alcoolismo e eles tiveram apoio para se reinventar. Também tem a questão de diversificar os negócios, tendo um negócio principal que é o teu ganha-pão e outros que são aqueles que tu arriscas. É por aí?


Márcio - É por aí. O próprio Robert Kiyosaki tem o outro livro que ele escreveu sobre a independência financeira. Ele fala que nós temos quatro quadrantes e você pode atuar nos quatro: Têm o empregado, o dono, o investidor e o autônomo. Então, ele pode ser as quatro coisas. Isso é nós estamos vivendo agora dentro de casa. Eu estou inventando coisas, fazendo cursos daqui para aprender a lidar com outros aplicativos. Por exemplo, fui lá no Club House, um aplicativo fantástico onde fiz contato com pessoas e já estão surgindo novos negócios para investir. E o Kiyosaki fala isso que tu começa a sair da corrida dos ratos quando os teus ativos começam a trabalhar para ti. E o mercado imobiliário te permite atuar nos quatro quadrantes, investindo, sendo corretor autônomo, dono de construtora ou imobiliária ou ainda sendo funcionário de uma destas empresas.


Caco - Que oportunidades têm surgido neste momento que vivemos, nestes quatro quadrantes?


Márcio - O mundo está muito dinâmico nessa questão desenvolvimento de produtos de informática, mídias digitais. Um exemplo é a Central de Atendimento ao Cidadão Brasileiro no Exterior. É um aplicativo, criado por um filho de um notário aqui de Porto Alegre, um grande amigo, o Dr. Ayrton Bernardes Carvalho Filho, que lavrou o primeiro ato notarial eletrônico junto ao Tribunal de Justiça. Isso trouxe uma modernidade para as ações das pessoas que estão envolvidas no meio empresarial. Ele lavrou uma procuração pública de um cara que estava nos Estados Unidos, dentro de um posto de gasolina que assinou com uma assinatura digital. Existem muitas oportunidades surgindo neste segmento.


Caco - Tem a questão da robotização também em alta que acaba preenchendo funções mais operacionais e permitindo que as pessoas possam evoluir em outras atividades.


Márcio - Nessa questão da robotização, existem determinados segmentos que vão sempre depender do homem. Até mesmo estes dispositivos tipo Google Home, se a pessoa não falar, ele não vai fazer nada. E tem uma frase que é: não existe pergunta idiota, existem idiotas que não perguntam. Você tem que perder a vergonha de perguntar. Numa sala do Club House, eu conheci uma mulher falando sobre vinhos na Espanha que citou uma vinícola aqui do Rio Grande do Sul que já estava fazendo negócios com ela. Eu disse que era da família Menezes que tinha uma história com Castela e Leon. Ele me disse que próximo da propriedade dela, tem a família Menezes que também produz vinho. Se eu não pergunto, eu não falo, jamais saberia desta história.


Caco - Como é importante se comunicar com o mundo todo, usando estas ferramentas a favor. Mas qual a tua mensagem final para estas pessoas que estão paradas no tempo?


Márcio - A dica que eu dou é para elas olharem para dentro de si mesmas porque a força está dentro de cada um. E nós temos esse poder de nos reerguermos. Nós temos esse poder de se superar, de superar a dor. Eu superei a perda do meu pai. Tem várias outras dores e dificuldades financeiras, mas você se olha no espelho, olha para você e veja o que você veio construindo lá de trás. Esse é um momento que você está parado no meio da escada e tem que escolher um passo. Ah, vai ser doloroso! Geralmente, é doloroso, mas o ser humano é forjado nisso.

Somos uma espécie única, que pensa, que desenvolve a mente, que lê, que entende. Quem tem mais possibilidades pode abraçar aos que têm menos no sentido de darmos as mãos no que foi até agora problemático nos nossos últimos dois anos de vida. A importância da doação seja financeira, moral, educacional. Eu me coloco na posição do médico na linha de frente tentando fazer o melhor. Se cada um de nós tentar fazer o melhor, com certeza, rapidamente nós vamos sair deste buraco. Temos que esquecer a discriminação de todos os níveis e tipos e nos irmanarmos para levantar o nosso país mais uma vez, com o brasileiros, como cidadãos, como irmãos mesmo que somos nesse universo que vivemos.






bottom of page